domingo, janeiro 29, 2006

O Tejo é mais belo


«O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.


Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
»


Choveu muito ontem em São Paulo. Nossos rios se encheram. Hoje à tarde, andando pelas marginais dos Rios Tietê e Pinheiros, não pude me esquecer do poema de Alberto Caeiro — heterônimo de Fernando Pessoa, pois Amo os Rios de minha Cidade Amada. No entanto, o que vi nesses rios? Sujeira, poluição, pouco caso — descaso, desamor, e tudo isso, apesar do governo do Estado estar realizando uma obra de saneamento de valor inestimável — além de belíssima. Depois, fiquei pensando comigo mesmo: "por que será que as pessoas não dão a mínima importância ás coisas importantes para a vida de nossa cidade?"

Fiquei muito triste. Ainda assim, e tal como o Poeta, sigo acreditando que o Tietê é mais belo — mesmo sabendo que não é — mas eu quero que ele seja mais belo! O Tietê é o meu Tejo.

16 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Nat,

o ser humano se acha diferente dos outros animais, mas é o pior deles.
Produz mais lixo que os outros e, tão inteligente, não percebe porque a natureza lhe responde tão pesadamente.

Bj, Tambosi

12:27 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

A população não foi educada para tal. E mesmo quando há informação suficiente, as pessoas sempre pensam que só o Estado tem obrigações.
Creio que é uma questão cultural porque tanto o informado com o excluido têm alguns hábitos sememlhantes, por exemplo, jogar papel na calçada.

1:26 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Nat,essa cidade tão maltratada por todos administradores e pelos moradores é triste mesmo nos oferecendo tudo. Tietê e Pinheiros estão mortos, a represa e o lago poluidos, os parques abandonados. Ao menos no meu canto enchi de árvores, tem fruta, tem bicho, não consigo viver sem eles.

1:59 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

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11:19 da manhã  
Blogger Nat said...

Amigos,

Apenas um reparo. Este belo post é de autoria do Abreu, que gentilmente concordou em me ajudar por aqui :)

12:16 da tarde  
Blogger Unknown said...

É verdade, a natureza mexe com a nossa sensibilidade e às vezes nos sentimos impotentes para preservá-la. Abs.

1:52 da tarde  
Blogger Santa said...

O pior dos predadores é o homem. O Brasil, que tem o maior volume de água doce do planeta e uma imensa malha de rios, tem 70% de seus rios poluídos. Portanto, prova que não basta abundância, é preciso um cuidado especial para se ter água em quantidade e qualidade.

5:10 da tarde  
Blogger Serjão said...

Uma vez andando pela Marginal Pinheiros e observando aqueles prédios maravilhosos e futuristas, comentei com meus botões: E se isso fosse pelo menos navegável? Já pensou pessoas pagando 300 pratas por cabeça por um jantar a bordo? Acho que o turismo recuperaria o dinheiro investido na limpeza do Tietê em pouquiíssimo tempo. Abraços

9:14 da tarde  
Blogger Nat said...

Sejão,

Há planos de tornar o Tietê navegável, pelo menos para transporte. Quanto a turismo, antes presisariam despoluí-lo de fato, tal qual fizeram os ingleses com o Tâmisa (infelizmente, levaram 100 anos para tanto). Imagine um jantar à bordo com cheiros emanando... huuummm, digamos, bastante desagradáveis???

Bjs

10:24 da tarde  
Blogger Ricardo Rayol said...

Se salvaram o Tâmisa deviam fazer algo pelo Tietê

8:56 da manhã  
Blogger Ricardo Rayol said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

8:56 da manhã  
Blogger Camarada Arcanjo said...

Delicia de poesia,
Fernando Pessoa gosto de ler com sotaque da luzitânia. Ouvindo de minha própria voz o som do português castiço.
Gostei. :)

8:33 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Um dia junto ao RIo...

É o Tejo...Essa enchente de agua turva e estranha,que fax questão de me perseguir nesta cidade onde vivo.

Hoje o TEjo está calmo... e ali ao fundo no manto de agua,Avistam-se diamantes que o sol faz reflectir, junto a um Cristoque abraça os ventos.

Este rio é a paisagem de Lisboa,É o rio que planta as pontes,è o rio que guarda os mistérios da cidade.
É o TEjo digno de um grande poeta,Digno de um grande poema!


Carlos ... realsocial.blogspot.com

7:21 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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1:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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5:49 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

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10:55 da tarde  

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