O rato que não ruge (*)

Hoje, conversei com um amigo que trabalha em um instituto de pesquisa. Para minha surpresa, ele me afirmou que a maioria dos votos perdidos por Alckmin para Loló e o Molusco vieram da classe média.

Como isso é possível? Vejamos:

1- A classe média está sendo esmagada pelos absurdos impostos apedeuticos;

2- Matutei, matutei e não consegui encortrar um só ítem em que a classe média tenha sido de fato beneficiada nos últimos 4 anos (renda? saúde? educação? segurança? emprego? NÃOOOOO!!! OK... vá lá, o dólar baixo permitiu viagens marítimas, à Argentina, etc... - risos);

3- Os aposentados (boa parte são classificados como classe média) foram muito mal-tratados nos anos do batráquio;

4- Outra significativa parcela da classe média, os funcionários públicos, já votavam, em sua grande maioria, no Batráquio;

5- A classe média em 2002 acreditou no engodo Macunaíma Gump. Continuará persistindo nas falsas promessas do falso messias? Ou agora cairá na farsa de saias e estampa de girassol, a HH?

6- Será que a classe média ficou tão pobre que agora depende do bolsa-família?

7- A classe média virou "mulher de bandido"?

Por classe média, entenda-se famílias com renda mensal entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00, divididas em três sub-categorias: alta classe média (renda familiar acima de R$ 5.000), média classe média (de R$ 2.500 a R$ 5.000) e baixa classe média (de R$ 1.000 a R$ 2.500). Em 2002, eram 57 milhões de brasileiros. Em 2003, caíram para 54,4 milhões. Não achei dados mais recentes. Mas o nível de empobrecimento do primeiro ano do governo Lula foi maior do que o pior ano da gestão FHC (1999) e tão desastroso quanto o provocado pelo Plano Collor (1990).

(*) "O Rato que Ruge", filme de 1959 estrelado por Peter Sellers. No auge da Guerra Fria, um minúsculo ducado medieval perdido nos Alpes Franceses, Grand Fenwick, tinha como único produto de exportação o vinho Pinot Grand Fenwick. Mas uma empresa inescrupulosa da Califórnia criou uma imitação barata, o Pinot Grand Enwick, e levou o paiseco a uma crise econômica sem precedentes.

O parlamento de Grand Fenwick, então, decidiu declarar guerra aos EUA. A idéia era, claro, perder a guerra e pedir ajuda internacional para arrumar dinheiro e sair do buraco. Mas quando os 20 soldados do exército do ducado chegam a Nova York, de barco, não encontram ninguém na cidade. Na mesma hora acontecia um exercício de alarme nuclear e a população estava toda escondida.

Para resumir, o exército de Sellers captura um general, quatro policiais, um cientista que fazia uma bomba atômica fajuta, a Q-Bomb, mais sua linda filha, volta à Europa e anuncia que ganhou a guerra. De quebra, ainda tem uma bomba nas mãos. No fim os EUA se rendem, suspendem a produção do vinho e ainda pagam uma indenização. É um filme muito engraçado.

Será que nossa classe média foi em massa fazer um "exercício nuclear" e o Inspetor Cloiseau tupiniquim ganhará a guerra por default??